Embora ainda incipiente na agropecuária brasileira, a robótica ganhará espaço nos próximos anos, substituindo a mão de obra nas atividades
Com parte dos sistemas já robóticos, como piloto
automático, sensoriamento remoto e drones, o campo
brasileiro verá a presença de robôs de serviço
aumentar nos próximos anos. Os equipamentos
substituirão uma parcela da mão de obra na
agropecuária – tornando a atividade mais padronizada
e produtiva. Na Digital Agro, feira inédita voltada
ao setor, realizada em Carambeí (PR), soluções
tecnológicas deram uma mostra de como o agronegócio
será praticado no futuro.
– O processo virá naturalmente com o tempo – prevê
Rafael Vieira de Souza, professor do departamento de
Engenharia de Biossistemas da Universidade de São
Paulo (USP).
Muitas das tecnologias já embarcadas em máquinas,
como aplicação a taxa variável e mapas de
produtividade, farão parte de robôs agrícolas.
– A realidade da robótica está acontecendo no campo,
com aumento do uso da automação – exemplifica o
professor.
Diferentemente da tecnologia industrial, difundida
em linhas de montagem de grandes empresas, os
equipamentos usados no campo são considerados robôs
de serviço e de uso profissional. Esse mercado deve
movimentar US$ 23,1 bilhões em três anos até 2019,
segundo projeção da International Federation of
Robotics (IFR). Dos 333 mil robôs de serviços
vendidos no mundo, entre 2016 e 2019, 35 mil estarão
no campo.
Os casos mais concretos da presença da robótica no
Brasil estão na produção leiteira, em casas de
vegetação (estufas) e no uso de drones. Fabricante
sueca de sistemas de ordenha robotizada, a Delaval
tem 35 equipamentos instalados no Brasil – dos quais
16 no Rio Grande do Sul. Cada módulo, com custo
médio de R$ 500 mil, comporta até 70 vacas – que são
induzidas à ordenha de forma voluntária. Instalado
dentro da estrutura onde os animais são criados, o
equipamento controla toda a produção – desde a
alimentação, qualidade do leite, refrigeração e
gerenciamento do rebanho.

Ordenhadeira robotizada livra produtor das atividades repetitivas na produção, além de melhorar o controle do rebanho e a saúde animal Rodrigo Covolan / Frísia
– A tecnologia livra o produtor das atividades
repetitivas da ordenha, além de melhorar o controle
do rebanho e a saúde animal – diz Rafael Martins
Garcia, gerente de sistemas de ordenha robotizada da
Delaval.
Na Holanda, compara Garcia, cerca de 60% das
propriedades de leite usam ordenha robotizada:
– Além de reduzir os custos diretos e indiretos com
mão de obra, a tecnologia ajuda a manter as novas
gerações na atividade.
Drones para controlar pragas e doenças
Com o crescente acesso aos drones, e a recente regulamentação do uso no país pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os veículos aéreos não tripulados tendem a se disseminar no campo em poucos anos.

Rodrigo Covolan / Frísia
– O drone não será fim, mas meio. Ele entrará dentro da solução tecnológica para aumentar a eficiência da produção – diz o diretor financeiro da fabricante, que tem quase 90% do faturamento oriundo da agricultura.
A motivação para criar a Digital Agro, primeira feira brasileira voltada exclusivamente ao setor, realizada em 21 e 22 de setembro, veio dos associados da Frísia, a antiga Batavo, cooperativa mais antiga do Paraná e a segunda mais antiga do Brasil. Com 850 associados, a cooperativa ganhou o novo nome em 2015, em menção à região da Holanda de onde vieram os imigrantes que colonizaram Carambeí (PR), sede da Frísia. A marca Batavo pertence hoje à francesa Lactalis, que mantém unidades de produção na cidade.
Esta notícia de Mão de obra digital: como os robôs estão a serviço do agronegócio foi produzida por Joana Colussi.
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