Com o acordo, pesquisadores de 15 institutos do Senai de Inovação operacionais podem acessar as inovações produzidas pelos institutos Fraunhofer, principalmente em tecnologias, que não estão disponíveis no Brasil

*José Paulo Lacerda/divulgação/CNI
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(Senai) assinou esta semana um acordo para facilitar
as parcerias com a Sociedade Fraunhofer, da
Alemanha, formada por 67 institutos de inovação.
Agora, os pesquisadores dos 15 Institutos Senai de
Inovação operacionais, ou seja, que têm projetos
contratados com a indústria nacional, podem acessar,
de forma rápida, as inovações produzidas pelos
institutos Fraunhofer, principalmente em
tecnologias, que não estão disponíveis no Brasil.
Uma das áreas em que os países podem atuar de forma
conjunta é a de manufatura aditiva – tecnologia de
ponta que usa impressoras 3D para fabricar peças em
camadas. As impressoras 3D podem imprimir, por
exemplo, peças para máquinas industriais feitas de
plásticos ou de metais. A tecnologia abre a
possibilidade de o Brasil desenvolver produtos em
parceria com o setor aeronáutico para reduzir o peso
de estruturas de aeronaves, por exemplo, ou com o
setor automotivo, para criar peças mais complexas e
mais baratas, aumentando a competitividade de
empresas nacionais e alemãs.
A Alemanha foi o quarto principal parceiro comercial
brasileiro em 2014, mas 62,7% das exportações
brasileiras para o país ainda são compostas por
produtos básicos, com destaque para café, minérios,
farelo de soja e soja em grãos. No caso das
importações, os produtos manufaturados somaram 95,6%
do total em 2014, representados sobretudo por
máquinas mecânicas, automóveis e produtos
farmacêuticos.
O gerente de tecnologia e inovação do Senai, Marcelo
Prim, disse que o acordo assinado durante o 33º
Encontro Econômico Brasil Alemanha (EEBA), em
Joinville, Santa Catarina, é um memorando de
entendimento que muda o patamar da relação entre os
dois países nesse setor. Ele explica que os
institutos brasileiros passaram de contratantes de
serviços para parceiros comerciais em projetos de
tecnologia e inovação. “A gente está aproximando as
redes de tal maneira que, quando surgirem demandas
de inovação da indústria brasileira em áreas em que
não temos competência técnica, a gente possa
rapidamente contratar um instituto da Fraunhofer
para atuar lado a lado nesse projeto.”
A próxima edição da olimpíada WorldSkills já tem
data e locais definidos, e será mais uma vez
realizada em uma região inédita. Abu Dhabi, capital
dos Emirados Árabes, foi a sede escolhida para
receber a disputa entre os dias 14 e 19 de outubro
de 2017.
Projetos contratados
Há quatro anos, o Senai contratou o Instituto
Fraunhofer IPK, de Berlim, especialista em capital
intelectual, para transferir o conhecimento da
instituição no planejamento e criação de núcleos de
inovação no Brasil. O custo dessa transferência de
conhecimento é de cerca de 1 milhão de euros por ano
e deve durar até 2019. Segundo a Confederação
Nacional das Indústrias (CNI), os institutos Senai
de Inovação que foram criados têm 122 projetos
contratados com empresas no valor total de R$ 142,5
milhões.
Marcelo Prim conta que investir em capital humano é
o ponto de partida para a estruturação da inovação,
mas que ainda é desafio aproveitar o conhecimento
produzido pelas universidades brasileiras para
inovar a indústria nacional. Ele explica que a
Fraunhofer ajudou o Senai neste ponto, na definição
de qual o capital humano é necessário para cada
instituto. “Nos ajudaram a estruturar os 26
institutos, passando por fases de planejamento
estratégico, implementação e monitoramento. Estão
ensinando a equipe na prática.”
Capital Humano
Para o especialista, a formação de capital humano
altamente qualificado no Brasil é do interesse dos
dois governos, sociedades, academias e indústrias.
“Quanto mais profissionais altamente qualificados
transitarem entre Brasil e Alemanha e quanto mais
pontes e pesquisadores estiverem capacitados para
fazer transferência tecnológica entre os países,
maior será o volume de negócios. É um ganha-ganha.”
Segundo o gerente, o Instituto de Salvador é um dos
casos de sucesso. O Instituto, voltado para
automação, foi planejado com a Fraunhofer e
desenvolve veículos autônomos submarinos para reparo
em dutos da exploração de petróleo em alto-mar. “O
planejamento foi feito em parceria e resultou na
criação do Instituto de Robótica Brasil-Alemanha,
instalado dentro do Senai de Inovação de Salvador. A
tecnologia foi desenvolvida em conjunto por
brasileiros e alemães para uma indústria
multinacional de exploração de petróleo no Brasil,
que custeou as pesquisas.”
Esta notícia de Brasil conquista primeiro lugar no quadro de medalhas da WorldSkills foi produzida por Maiana Diniz.
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